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Bate-papo com o antiquário Arnaldo Danemberg

Os designers que nos perdoem, mas um boa peça de antiquariato não tem para ninguém. Reis quase que absolutos em qualquer ambiente, os móveis antigos dão o toque familiar à decoração.

E para entender como funciona este mercado e te ajudar na hora de escolher uma peça autêntica, a gente foi conversar com Arnaldo Danemberg, o antiquário carioca que há 25 anos assume o volante de um caminhão e percorre cidades de França, Inglaterra e Portugal em busca de verdadeiras obras de arte do mobiliário – seu acervo, nas lojas de São Paulo e Rio de Janeiro, reúnem peças datadas dos séculos XVIII e XIX e do início do XX.

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Como o interesse por antiguidade surgiu na sua vida?

Desde pequeno tenho esse fascínio. Me lembro de comprar, ainda criança, uma enciclopédia que chamava Gênios da Pintura. E meu pai contribuiu muito com isso, porque desde os cinco anos ele me levava aos leilões de antiguidades que aconteciam no Rio de Janeiro.

E quando decidiu começar neste ofício?

Fiz carreira no direito até um dia que meu pai me chamou para ajudá-lo com um novo antiquário que ele ia abrir no Rio. Abracei esse projeto e em abril de 1981, na Rua do Lavradio, no centro do Rio, mergulhei totalmente nessa profissão. Junto com a atividade comercial, comecei a estudar muito. Tive o prazer de conhecer, ser aluno, pupilo e “herdeiro” da papisa do mobiliário brasileiro, que foi a professora Tilde Canti.

Você ficou famoso pelos garimpos na Europa. Como eles funcionam? 

Eu comecei o garimpo há 35 anos, por Londres. No começo, alugava um caminhão e saía, sozinho, em busca de antigas bibliotecas, castelos, o que me contavam que estava com peças à venda. Depois, foi a vez de expandir para Paris (onde já estudava e dava palestras sobre a história do mobiliário), até chegar em Bordeaux, também na França, isso faz 15 anos. Comprei, logo nos primeiros dias, várias mesas e me encantei pela cidade. Acabei me estabelecendo por lá, onde até hoje tenho um depósito. E, por último, me fixei no Porto, em Portugal, onde fica meu segundo depósito. Faço, ainda hoje, o circuito completo quatro vezes ao ano. Porém, não mais sozinho. Tenho a companhia do meu filho e de dois funcionários.

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Vista da loja de Arnaldo Danemberg em São Paulo. Ao fundo, as cadeiras, um clássico do trabalho dele. “A primeira coisa que qualquer pessoa faz quando recebe uma visita é oferecer-lhe uma cadeira. É o móvel mais social que se tem.”

O que torna uma peça uma antiguidade?

Ao contrário do que muitos pensam, não é só a idade. O que torna uma peça especial é um mix de história, estrutura, manufatura bem feita e madeira nobre. E aqui também incluo os móveis campesinos (do campo). Não é porque são mais ingênuos, naïves, que eles não têm seu valor. Muitas vezes custam mais que um peça citadina (da cidade).

Aliás, o que é um móvel citadino?

É o móvel do homem da cidade. Ele possui mais apuro na manufatura. Seus materiais são mais “nobres”. As ferragens são mais delicadas.

E o campesino?

É o móvel do homem do campo, com uma manufatura mais ingênua, naïve e “rústica”. O que não quer dizer que é sempre bruto. O móvel campesino mistura, numa mesma peça, mais de uma madeira. Ele é um reaproveitamento, muitas vezes, de outros móveis. Também vale ressaltar que esta peça sofre um dano do tempo maior que o citadino.

Para ficar mais claro, é assim: o estilo rococó surge no palácio, se dissemina na cidade pelo burguês e chega ao campo. Na cidade (citadino), ele não tem tanto bronze como no palaciano, mas, no lugar, ele tem uma adornação pintada ou uma marchetaria, por exemplo. Já no campo (campesino), quando se tem algum resquício dessa manufatura rococó, é uma greta muito delicada.

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O baú é uma das suas peças principais. Por que ele é tão encantador?

O baú é o primeiro móvel que chega no Brasil com o descobrimento. É um móvel de viagem por excelência, que se locomove, que carrega uma história gigantesca. Tradicionalmente abaloado, mas hoje já se considera os retilíneos como baús também.

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E como funciona a restauração?

A restauração do móvel cumpre duas tarefas: a primeira é verificar a estrutura dele, se precisa apertar os parafusos ou mesmo incluir algum, fazer uma descupinização (preventiva, ou não), e verificar se há algum detalhe que precise ser restaurado – sempre respeitando as marcas do tempo e da história. A segunda etapa é lixar todo ele, quando não é pintado, para “descobrir” o móvel por baixo da sujeira. E, por último, é feita, quando necessária, a substituição de alguma peça que esteja faltando, como fechadura, pezinho… E todas essas mudanças são detalhada no certificado de autenticidade da peça quando o cliente compra.

Uma dica para um consumidor?

Ele não precisa entender de nada, apenas comprar na mão de gente série. Quem busca antiguidade, busca sua própria memória, sua infância, então, tem que comprar o que te emociona. E se você quiser comprar um móvel porque achou engraçado, não compre. E sabe por quê? Porque não existe móvel engraçado. Sou contra essa glamurização do mobiliário e da arte. Quem entra no meu antiquário, entra para comprar um móvel, uma boa memória que vai te emocionar, e não um arame pendurado na parede que vai custar US$ 100 mil.

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O antigo armário de tijolos hoje acomoda livros na parede

O antigo carregador de tijolos hoje acomoda livros na parede

Detalhe do cavalinho de carrossel francês do século 19

Detalhe do cavalinho de carrossel francês do século 19

Influência chinesa no trabalho da estrutura de madeira das cadeiras

Influência chinesa no trabalho da estrutura de madeira das cadeiras

Banqueta portuguesa do século 19

Banqueta do século 19

(Fotos: Divulgação e Verônica Valentim)

Veja também: 6 peças de antiquariato para decorar a casa

E mais: 6 perfumeiros para decorar

VitrineArquitetos, designers e artistas

6 peças de antiquariato para a decoração

Além do bate-papo que fizemos com Arnaldo Danemberg, aproveitamos para reunir, diante do acervo dele, algumas peças de antiquariato para te inspirar a investir nos estilos citadinos e campesinos na hora de decorar sua casa. As peças são escolhidas a dedo pelo próprio Arnaldo em suas constantes viagens pela Europa.

peças de antiquariato

1. Poltrona francesa de madeira com marchetaria | 2. Cavalinho de carrossel francês do século 19 | 3. Abajur francês de cristal – manufatura Baccarat | 4. Bandeja francesa de madeira esculpida à mão | 5. Baú português no estilo campesino  | 6. Mesa de ourives portuguesa

Veja também: Bate-papo com o antiquário Arnaldo Danemberg

E mais: 6 perfumeiros para decorar

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10 lançamentos da ABIMAD 2016

Acaba hoje a 21ª edição da ABIMAD, feira de móveis e acessórios de decoração. Com 159 marcas envolvidas, diversas novidades foram apresentadas durante os quatro dias de feira em São Paulo. Abaixo, fizemos uma seleção das mais bacanas. Dá uma olhada:

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Mesas laterais Tissot e BTC

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Poltronas Ancezki e Sier Cadeira

(Fotos: Julia Ribeiro e Waldemir Filetti / divulgação)

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5 perfumeiros para decorar

AUma boa solução para deixar a decoração com carinha vintage é investir em perfumeiros. De cristal, porcelana e até opalina, eles ficam lindos no banheiro, quarto e até no aparador da sala de estar. Com a ajuda da T-raZak, loja especializada em decoração e garimpo, fizemos uma seleção de perfumeiros charmosos, com carinha vintage, em diferentes cores para dar uma renovada na casa:

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1. Vintage com tampa de rolha | 2. Porcelana com escudo | 3. Cristal metalizado | 4. Vintage Tayla | 5. Opalina Roxa

Veja também: 7 itens de decoração em azul e dourado

E mais: 10 velas para decorar a casa

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Gabriel Wickbold: poeta, músico, fotógrafo e o mais novo galerista de SP

A gente adora o trabalho fotográfico do Gabriel Wickbold, já fizemos até um ensaio com ele para o nosso blog de Casamentos. E em 2016, ele deu um novo passo em sua carreira: abriu uma galeria de arte em São Paulo. Fomos conhecer o novo espaço e bater um papo com ele. Vem ver como Gabriel foi parar na fotografia, depois de escrever um livro de poesia aos 12 anos e comandar banda e estúdio de música dos 14 aos 22 anos.

Leia mais: A primeira exposição na galeria Gabriel Wickbold

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CLIQUE 1: COMO TUDO COMEÇOU…

Quando tinha 12 anos, escrevi um livro de poesia, publiquei e comecei a dar palestras em diversas escolas sendo uma criança ainda. E isso já foi uma plataforma para eu me tornar um comunicador. Depois disso, comecei uma banda, que durou dos meus 14 até 22 anos. Montei um estúdio, onde gravava o que compunha, além de produzir muita gente legal.

CLIQUE 2: A TROCA DAS BAQUETAS PELA CÂMERA

Em 2005, fiquei um pouco saturado com a música, com o fato de que dependia muito mais das outras pessoas do que de mim para dar certo. Na música, não basta ser um bom cantor para dar certo. Fiquei cansado dessa história de “olha o meu trabalho, olha o meu trabalho…”. Fiz duas viagens curtas, uma para a Califórnia e outra para o Peru, das quais voltei com muito material fotográfico. Dai surgiu a ideia de fazer um trabalho sobre o povo brasileiro. E após conversar com o Rubens Fernandes Junior, que foi meu professor na faculdade e é o maior crítico de fotografia do Brasil, foquei no trajeto do rio São Francisco.

Passei 45 dias fotografando, assim nasceu a série “Brasileiros”. Essa foi minha escola na fotografia, na qual dirigi pessoas que nunca tinham nem visto uma câmera na frente. Foi uma relação de conforto e desconforto que me conquistou completamente. Desde então, venho estudando essa questão de quebrar barreiras e contar, através de uma narrativa, a história das pessoas. Criei meu estúdio, e como nunca tinha montado um flash na minha vida, foi tudo uma de experiência. A fotografia se construiu como um mundo sem regras. Para mim, nunca teve certo e errado, uma fórmula perfeita para fotografar.

Série "Brasileiros"

Série “Brasileiros”

CLIQUE 3: AS SÉRIES E O PROCESSO CRIATIVO

Criei um processo criativo ao longo dos anos. Depois da série“Brasileiros”, fiz o “Sexual Color”, em 2008, série na qual transformei pessoas em telas. Em 2012, o discurso amadureceu com a série “Naïve”, que é a relação do homem com a natureza. De todas as cores que eu tinha manuseado na série anterior, nunca tinha usado o branco. O desafio foi transformar o branco em uma nova textura. E Naïve o transformou em branco craquelado e seco. Em 2014, veio “Sans Tache”. Todas as séries surgem de um incomodo que a gente está vivendo, e nesse ano, o estúdio estava com muito trabalho, e todo mundo só sabia reclamar de rugas, pintas e marcas. A série questiona essa ditadura da beleza e as marcas do tempo.

Série "Sexual Colors"

Série “Sexual Colors”

CLIQUE 4: PRÓXIMA SÉRIE

A próxima série se chama “I am Online”, que retratará o nosso sufocamento na internet. Para essa série, fiz modelos com as cabeças enroladas por uma linha – mais uma vez criando uma instalação e não uma pessoa.

Série "Naïve"

Série “Naïve”

CLIQUE 5: A GALERIA

Foi um caminho natural. Sempre fui um agregador de pessoas. O Coletivo Missa (projeto desenvolvido com Rodrigo Sá e Fabio Seixas) reflete bem isso. Ele nasceu da minha vontade de mostrar o que escutava de legal de pessoas desconhecidas e que podiam se conectar. Fiz muito desses encontros pela música, então quis fazer novos encontros na arte também. E assim nasceu a galeria. A primeira mostra traz o trabalho da fotógrafa havaiana Christy Lee Rogers (tem mais do trabalho dela neste link)

CLIQUE 6: POR QUE NÃO ESTREAR COM UM BRASILEIRO?

O mercado de arte de São Paulo é muito voltado para o próprio umbigo. Há um concorrência por 15, 16 colecionadores e é sempre para mostrar mais do mesmo. Vira quase uma obrigação você ter um trabalho de um desses caras porque ele é “f***”. Não quero trazer o mais valioso ou comercialmente viável, mas sim, o mais inspirador e desafiador. A fotografia para mim é um desafio. O ato de trazer uma fotógrafa do Havaí foi pensar na influência que ela pode trazer, bem como criar um intercâmbio entre as galerias.

Ao mesmo tempo, veio uma missão muito forte de criar um público comprador de arte. Porque, por mais bela e poética que possa ser a arte, todo mundo tem que pagar as contas. O artista precisa se acostumar a ter pessoas comprando o seu trabalho, que não precisa ser só esses 15, 16 colecionadores.

Série "Sans Tache"

Série “Sans Tache”

CLIQUE 7: DICAS PRÁTICAS DO GABRIEL PARA COMPRAR UMA FOTOGRAFIA

O PRIMEIRO PASSO PARA COMPRAR UMA FOTOGRAFIA?

Você precisa ter um afeto estético por aquela imagem. Não pode olhar para uma imagem e dizer “é bonita”, mas sim, “eu gosto!”. Tem que te agradar, porque você vai conviver com ela na sua casa. Seja triste e alegre, porque a fotografia não serve apenas para alegrar o seu dia, mas também para criar um senso crítico no seu universo.

O QUE AGREGA VALOR A UMA FOTOGRAFIA?

Tentar entender um pouco do universo do artista é a melhor forma. De onde ele veio, para onde  vai, em quais galerias já expôs, qual o tipo de pesquisa que ele tem e o que está querendo questionar com aquele trabalho. É só aí que você vai entender e conseguir pesar o valor de mercado daquela obra. E também é importante saber que são raras as situações nas quais você vai vender uma obra de arte por menos do que você pagou. É um investimento que tende a ser seguro.

A TIRAGEM INFLUÊNCIA EM QUE MOMENTO NO VALOR?

Isso também influência. Quanto mais cópias, menos exclusiva e de menor valor é aquela obra. Mas não existe uma tabela de número de cópias, o que tem, e que muita gente confunde, é que a obra número um não é a de maior valor, e sim a de menor. Um artista nunca vai vender uma obra por menos do que a anterior. O raciocínio é: a primeira foi uma aposta de alguém naquele artista. Já a última, a chance final de comprar uma peça que já deu certo.

ALGUMA DICA DE MATERIAL E CONSERVAÇÃO?

Tudo depende muito do material e da intenção do artista. Mas vamos lá: imagens muito escuras pedem vidro antirreflexo. O metacrilato está em alta e cada vez mais desenvolvido. E a conservação é igual a qualquer obra de arte, ou seja, sem muita variação climática. Portanto, não deixe ela muito exposta ao sol, nem mesmo de frente para o ar-condicionado. Isso prejudica e pode danificá-la com o tempo.

(Fotos: Divulgação)

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